O fato é que o tempo, aquele que faz novos dias e noites, não poupou sequer o menino Renato. Ele gostava de se balançar na sua cadeira rústica de madeira, pintada de verde, com poucas frestas laterais, balbuciando um acalanto ... Mas quando tentou correr atrás do seu bubu, ficou entalado na cadeira. Não conseguia sair, começava a suar de agonia, resmungou alto, mas a mamãe chegou a tempo e o retirou com delicadeza...
No outro dia, ganhou um carro verde espaçoso, cheiroso, cheio de um sintético plástico e de botões barulhentos e coloridos, fora umas alavancas secretas... Mas Renato pensou- "Como me balançarei? "Resolveu acelerar e frear quase que simultaneamente, vivia de sacudidas e gritinhos histéricos, mas ainda musicais.
É, estava crescendo; até a cadeirinha do menino assistia , incrédula, à sua transformação- O relógio do celular adora transformar crianças em homens e mulheres; mulheres e homens, em velhinhos ...
Só lembrando vocês que Dona Rosa doou até alguns brinquedos semana passada, porém a cadeirinha continua em casa. Ela prometeu que esta serviria aos seus netos...
O tempo continuou brincando de pega-pega, e o final vocês já sabem- Todos os filhos de Renato abandonaram a cadeira por um carrinho, jogo ou por uma boneca nova, mas tudo bem... O importante é que a cadeira continua lá e, por sinal, bem verdinha... Parecia que a danada tinha nascido ontem!