quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

A esquina de Ruth

Aquela esquina era tão bonita de se ver! Tinha uma amendoeira encurvada com uma sombra impassível, uma menina com uma boneca riscada, não por acidente, e um cão branco sonolento. 


No céu, uma pipa multicor distante, as nuvens serrilhavam o firmamento, mas a esquina continuava definindo as ruas e a infância de Ruth. Esta conversava com a árvore, com as sombras, com os pedregulhos do calçamento e não tinha medo de besouros ou formigas. Aquela esquina abraçava a sua casa que parecia azulada ao anoitecer, um caixote de concreto cheio de estrelas no telhado e as mãos grandes do pai, assim como o risco do riso: "Saiu, enfim, da calçada"? 


"Sim, papai, mas aquele canto é meu"! Retrucou a menina lépida e decidida de cinco anos, deixando sua boneca para lá dormir, feito vigia de um lugar mágico, encostada na amendoeira cheia de besouros brilhantes. 

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