quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

Era preciso parar ...





Eu me reconforto com gritos e risos das crianças no recreio. Aquilo refrescava a minha alma numa tarde azul de calor. Aquela tarde era mesmo demorada, os olhos mereciam reparar mais no lírio bem no canto do muro, na ausência de nuvens e no amor que assomava no peito. Eu só estava feliz de ver as infâncias, de acompanhar minha velhice, amigos enrugados, admirar a paz de espírito de uma grama verde.

Era preciso parar aquele dia- as infâncias, as crianças, os velhos, a grama, o lírio. Mas o relógio de parede do colégio continuava girando, assim como meus pensamentos e as melhores cirandas. 

E tudo se fez belo e encaixado,  justamente porque tinha uma determinada hora para terminar, a hora de um segundo derradeiro, onde toda beleza se encerra, onde as pequenas mortes são anunciadas...  


Nenhum comentário:

Postar um comentário